domingo, 20 de dezembro de 2009

O Sino - Boletim Paroquial de Quintos

Há dias que recebi O Sino – Boletim Paroquial de Quintos. Por motivos de ordem profissional e académica não me foi possível publicar este post mais cedo.
Escolhi para publicação uma crónica de Maria Susana Mexia “O Esplendor da Velhice”.
Nos dias que correm, e refiro-me à população idosa de Quintos, não há grande esplendor. Olhando para o passado recordam sofrimento, trabalho árduo de sol-a-sol, exploração e vida de miséria muitas vezes com fome. Olhando para o presente e ao que resta do futuro vêem insegurança, reformas miseráveis, médicos a teimar em receitar medicamentos de marca em vez de genéricos e, como tal, terem que os pagar.
No entanto há quem tenha uma velhice esplendorosa. Mas esses certamente nunca trabalharam.



O Esplendor da Velhice

A vida longa já não é um caso raro, nem uma excepção.
A ciência e a medicina no seu progresso vão retardando a chegada da morte e multidões de idosos, em número crescente, povoam a terra. No começo do século XX a esperança de vida rondava os 40 anos, hoje aproxima-se dos 80.
A velhice é um período rico e luminoso que permite contemplar serenamente o passado e dar um sentido pleno a toda a existência.
O menosprezo pelo idoso será um sinal de pobreza espiritual, pois a experiência da vida só ele a tem, só ele tem histórias para recordar e contar, só ele se pode dar ao luxo de olhar para trás e sentir a tranquilidade da missão cumprida.
No entardecer da vida, a hora da velhice pode também ser um tempo para rezar por tudo e por todos, pelos que já partiram, pelos que ainda cá estão e por todos os que hão-de vir.
Para alguns, os que não tiveram a felicidade de encontrar Deus no seu caminho poderá até ser um momento de conversão.
Abandonar o passado, o presente e o futuro nas Suas mãos é uma fonte de leveza, de serenidade e de Paz.
O recurso ao Sacramento disponível para esta idade – a Unção dos Doentes – é ainda uma forma de preparar a viagem no último capítulo da história terrena.
“Fica connosco Senhor por que se faz tarde e a nossa vida está a chegar ao fim” é um apelo no crepúsculo, na hora da viragem, é a ânsia da chegada à pátria definitiva para todo o sempre.
No dizer de Guies Deleuze – filósofo francês – a velhice será uma sabedoria e uma arte de bem saber acabar de viver.

Maria Susana Mexia

Nota: Por motivos académicos – fase final do doutoramento – não me é possível continuar a escrever neste blog. Publicarei apenas, mensalmente, uma crónica do Boletim Paroquial de Quintos. Depois de terminar o doutoramento retomarei, se me for permitido, as postagens com a periodicidade que tinha até aqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

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