sábado, 31 de julho de 2010

A Voz do Dono

  
Terça-feira, 27 de Julho passaram 40 anos sobre a morte de Oliveira Salazar.
Foi um estadista que deixou saudades a poucos. Fez o melhor que soube e pôde para implementar o melhor para Portugal. À sua maneira, à sua ideologia, obviamente.
Os estadistas que o seguiram actuaram de uma forma diferente. Nem por isso deixaram ou deixam mais saudades.
Vive-se hoje, incomensuravelmente melhor do que há 40 anos. É inegável. Mas vive-se melhor hoje não apenas em Portugal; vive-se melhor em Espanha, em França, na Alemanha, nos Estados Unidos, etc. Este viver melhor não se deve apenas a uma prática democrática, mas a uma evolução constante da sociedade em geral. No entanto, como em tudo na vida, há excepções, há países onde hoje se vive pior do que há 40 anos, ou, pelo menos, não acompanharam a evolução dos outros.
Com isto não estou a branquear o fascismo. O fascismo, como existiu, jamais voltará. O que volta são os objectivos ou os fins, democraticamente. A metodologia é que é outra, mais refinada, mais colorida, mais folclórica.
Aquando do 25 de Abril de 1974 houve uns quantos lunáticos (eu fui uma delas) que acreditaram que futuramente iríamos ter mais e melhor Justiça, direito à paz, educação, saúde, habitação, no fundo os que tinham muito passassem a ter um pouco menos e os que nada tinham passassem a ter mais.
Pura ilusão.
Os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Mas, para que o sistema funcione, criou-se uma classe que no tempo de Salazar era residual: a média burguesia. São eles o sustentáculo do regime. São os boys. Não, não me estou a referir aos boys do PS. Eles existem em todos, repito, todos os partidos políticos portugueses. São os cães que os donos açudam conforme as conveniências.
Como acéfalos que são, não têm ideia da sua triste figura. Idiotamente ladram, e por vezes até mordem, sem olhar a quem, apenas à voz do dono.
 

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