sábado, 28 de agosto de 2010

Regresso a Casa

  
Em condições psicológicas normais numa guerra o momento de regresso a casa – são e salvo – não sai da cabeça de nenhum militar.
Fort Carson, Colorado, USA - 23/08/2010
Em condições psicológicas normais, porquê?
Porque, infelizmente, há quem se deixe ir abaixo psicologicamente. A pressão é de tal forma violenta que não se ir psicologicamente abaixo é, já em si, um acto de heroísmo.
Há quem se auto-mutile ou se coloque em posição para ser ferido com alguma gravidade para poder voltar para casa. Por vezes, muitas, o risco foi longe de mais e regressam em caixão. Isto não é filme. É realidade.
É uma realidade demasiado dura, violenta e agressiva que nos marca para o resto da vida. Vivi-a por dentro em 1991 na guerra do golfo.
Já não há guerras convencionais.
Base Lewis-McChord em Washington, USA - 25/08/2010
Quando um militar é colocado numa linha de combate recebe apenas uma ordem: dispara sobre tudo o que mexe. E ele dispara. Ataca. É atacado. Ataca ou contra-ataca de novo. Passadas semanas numa linha da frente com combates a quase todas as horas, de dia e de noite, perde-se a noção do que se está a fazer. E pior do que isso: o porquê? Daí ao desequilibro psicológico e emocional é um passo. Um pequeno passo.
Quantas vezes o regresso a casa, mesmo são e salvo, não são uma tortura. Eterna.
  

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