sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O post do mês de SETEMBRO

  
Elegemos o post obsolescência programada como o melhor do mês de setembro. A sua autora, Helena Araújo de seu nome, escreve brilhantemente. Não duvido que outros post de sua autoria venham a ser futuramente eleitos.
O post em causa elegemo-lo não pelo brilhantismo da prosa mas pelo tema que trata.
É sobre um filme longo (mais de 52 minutos! Mas que eu vi na íntegra) sobre o porquê das coisas serem cada vez menos duradouras.
Dá que pensar.
Se tiver tempo veja-o, vai ver que não dará o seu tempo por perdido.


Obsolescência Programada

O filme tem mais de cinquenta minutos, pelo que vou resumir, que bem sei que a vossa vida não é só isto.
Em suma: para que a economia cresça, é preciso produzir cada vez mais. Produzir cada vez mais pressupõe que haja procura para essas quantidades. Uma maneira de provocar procura é fazer com que os produtos durem cada vez menos. Lâmpadas, meias de nylon, i-pods, impressoras, etc. - são exemplos de produtos concebidos de modo a ter - propositadamente! - um tempo de vida bastante curto.
Termina, como não podia deixar de ser, com a teoria do decrescimento, e uma citação de Gandhi: "no nosso mundo há recursos suficientes para suprir as necessidades de todos, mas não a cobiça de alguns".
Uma passagem do filme é particularmente interessante: no bloco comunista não havia recursos para desperdiçar, pelo que um princípio essencial da produção era conceber produtos tão resistentes e duráveis quanto possível. Na RDA havia uma fábrica de lâmpadas eléctricas que, ao contrário das ocidentais, eram feitas para durar muito. Quando apresentaram esse produto na Feira de Hannover, convencidos que arranjariam imensos clientes no Ocidente, os outros riram-se: "vocês querem perder o vosso emprego?" - e eles responderam: "não; queremos poupar as matérias-primas para termos este emprego durante muitos anos."
Após a reunificação alemã a fábrica foi fechada. Este é mais um dos exemplos - que eu desconhecia, até hoje - do que correu mal entre as duas Alemanhas, por a RFA ter simplesmente imposto a sua lógica à RDA. O mundo teria lucrado se tivesse havido uma melhor articulação das duas lógicas, e mais abertura aos elementos positivos que a RDA trazia. E a Alemanha reunificada perdeu uma bela oportunidade de ser pioneira no mercado mundial dos produtos que o mercado futuro exigirá cada vez mais - em tempo de preocupações de sustentabilidade, de cada vez maior escassez de materiais de produção e de elevados custos de transporte.

Publicado por Helena in 2 Dedos de Conversa em 14 setembro de 2011
 

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