domingo, 13 de maio de 2012

Dignificar quem trabalha

 
A Igreja tem o dever e a obrigação de fazer sua a luta dos oprimidos.
Não podemos ficar calados quando em tempo de crise se aponta o dedo apenas e sempre ao mesmo: àquele que trabalha. É precisamente a esse, que pouco ou nada contribuiu para o estado de desgraça a que chegámos, que maiores sacrifícios se pedem.
É tempo de dizer basta!
Do senhor Bispo de Beja, D. António Vitalino Dantas, e com a devida vénia, publicamos excertos da sua nota pastoral de 02 de maio.

Desenvolvimento e Trabalho

Entramos no mês de maio com o dia internacional do trabalhador, um dia feriado, para lembrar as lutas dos trabalhadores e suas organizações, criadas para defender o direito a um trabalho digno com remuneração justa. Com a industrialização e o implemento do trabalho dependente, apareceu a classe operária, muitas vezes em contraposição com o patronato e o capital.
(...)
Todos nos habituamos a subir o nível de vida, o que implica crescimento económico, trabalho para todos e remuneração justa. Mas a Europa, face à crise da economia global, ao desequilíbrio das contas públicas e ao crescente endividamento externo de Portugal, que se viu obrigado a pedir ajuda para evitar a bancarrota, impôs austeridade, o que veio diminuir o consumo e as receitas provenientes do imposto sobre as transações e o trabalho, com a insolvência e mesmo falência de muitas empresas e subsequente aumento do desemprego.
O trabalho é um direito da pessoa e faz parte da realização da sua dignidade. A evolução económica e o desemprego estão a desumanizar a nossa sociedade. Temos de encontrar outras políticas de desenvolvimento socioeconómico, que criem emprego, postos de trabalho. De contrário, estamos a fomentar uma sociedade injusta, porque priva muitas pessoas dos seus direitos fundamentais, O desenvolvimento económico não é ilimitado, mas tem de ser sustentável em todas as dimensões, no respeito pela dignidade da pessoa, pela ecologia e pelo bem comum.
(...)
Ao entrar no mês de maio, tradicionalmente dedicado a Maria e às mães, confio a Nossa Senhora este anseio, para que nenhuma mãe veja os seus filhos sofrer a fome e a falta de trabalho.
† António Vitalino, Bispo de Beja 02-05-2012
 

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