sábado, 30 de junho de 2012

A fatalidade que nos caiu em cima

 
Publica o jornal Notícias de Beja, na sua última edição, uma reflexão do senhor Bispo emérito de Aveiro que transcrevemos com a devida vénia.

Será a corrupção uma fatalidade?

Temos muita gente boa e séria. Porém, o ambiente anda intoxicado e carregado. Cada dia novos casos, novos escândalos, muita gente ansiosa por falar, muita gente a desejar que não se fale. É o polvo da corrupção onde não faltam causídicos a dizer que não houve nada, quando todos vemos que houve muito. São os grandes arquitetos da Parque Escolar, os grandes advogados dos contratos do Estado com os particulares, os grandes das secretas a dizerem que nada receberam e que só deram informações a estranhos com autorização superior. São os grandes, mais incriminados nos negócios de corrupção a atirar para a frente os pequenos, e a proclamar que eles próprios não passam de vítimas. Por detrás de tudo, descobrem-se interesses, muitos interesses em jogo e parcerias escandalosas. O povo é posto de lado e explorado, receoso de gritar a sua natural revolta, porque a corda rebenta sempre do lado dos fracos…
Pergunta-se se tudo isto tem a ver com a política, a maçonaria, os bancos? Tem a ver, certamente, por se ter construído uma sociedade sem valores, na qual a verdade, honradez, justiça, vergonha, respeito pelos outros são dispensados por muita gente. A sociedade é como um campo em que só se pode colher o que se semeou.

António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro in NB de 28/06/2012

 

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