sábado, 26 de outubro de 2013

Escutem-me, porra!

  
Não sei se Passos Coelho utilizou esta interjeição, mas que está desanimado com a falta de escutas pela NSA à sua pessoa, lá isso está.
A rapaziada da NSA também não lhes custava nada fazer uma escuta, mesmo pequenina, ao nosso primeiro.
Mas teimam em não escutá-lo, acho que é birrinha.
Birra digo eu, o Ferreira Fernandes tem outra explicação.
Ei-la:
 
Não é novidade, ninguém nos escuta!
Ninguém espia o levantar do Sol. Não é nenhum segredo, é sempre ali. Portugal é igualmente previsível. Não que a NSA, a tal agência de segurança americana que escuta toda a gente, não quisesse espiar também os portugueses. Mas teve de desistir porque era sempre detetada: os portugueses ouviam o agente americano a bocejar. Esta semana, começou com o Hollande indignado pelos 70,6 milhões de chamadas francesas gravadas e acabou com a Merkel surpreendida por o seu próprio telemóvel ter sido escutado pelos americanos. Ontem, na cimeira europeia, em Bruxelas, parecia a Casa dos Segredos, todos a saberem que os seus cochichos tinham sido gravados. Todos, não: Passos Coelho disse que não tinha "informações específicas" sobre escutas dos EUA a portugueses! Olha, talvez tenha sido uma retaliação americana: também eles não ouviam nenhuma "informação específica" quando espiavam os portugueses. Fartos de tantos "eh pá, sei lá!", "vamos a ver..." e "seja o que Deus quiser", desligaram-nos as escutas. Ninguém espia Portugal pela mesma razão de que ninguém corre atrás do comboio já apanhado. Os únicos segredos que temos são os de justiça. Mas mesmo estes não necessitam de aparelhagem sofisticada para os apanhar. Basta ir aos quiosques. Portugal, que já era o único país do mundo onde se passam horas no restaurante a pedir a conta, tem, para ser tomado a sério, de ir manifestar-se para a embaixada americana, acenando com os telemóveis.

Ferreira Fernandes in Diário de Notícias 26/10/2013


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