domingo, 6 de outubro de 2013

Meditação dominical

  
As leituras deste domingo desafiam-nos a assumirmos a fundo a nossa identidade cristã. Temos de alimentar a nossa fé em gestos e palavras que fazem de nós construtores do Reino de Deus.
O profeta Habacuc dá voz ao povo de Israel desanimado diante da iminência da deportação para a Babilónia. Os seus governantes calam diante das injustiças e das desigualdades sociais, da pobreza que cresce rapidamente, da ausência de paz e de prosperidade. Por isso, Habacuc grita a Deus em desespero: «Até quando, Senhor, chamarei por Vós e não Me ouvis? Até quando clamarei contra a violência e não me enviais a salvação? Diante de mim está a opressão e a violência, levantam-se contendas e reina a discórdia». Esta descrição do reino de Judá, do século VI a.C., parece descrever o nosso tempo, na crise económica que nos afecta e nos deixa desarmados face ao futuro. Diante do desemprego, das condições precárias de vida, de tantas famílias que dificilmente conseguem alimentar os filhos, parece que Deus permanece calado. Como o profeta, elevemos a Deus as nossas orações de súplica e entreguemos-Lhe o que nos preocupa. Mas devemos fazê-lo de coração purificado, na liberdade interior de nos pormos a caminho com o que temos. O tempo de Deus nem sempre é igual ao nosso e muitas vezes a fé é construir sem ver o resultado imediato. Como responde o Senhor ao profeta, «se parece demorar, deves esperá-la, porque ela há-de vir e não tardará. (...) O justo viverá pela sua fidelidade».
Nesta lógica, há que dizer como os Apóstolos no Evangelho de S. Lucas: «Senhor, aumenta a nossa fé». A fé não é uma convicção que cresce e matura com a simples razão, é antes a resposta a um acontecimento, o encontro pessoal com Jesus Cristo. Na adesão ao projecto de Jesus, há que viver como Ele viveu, em humildade e serviço, atento aos mais fracos e aos mais necessitados, na lógica do dar sem esperar receber.
Diante das adversidades, experimentamos como a fé pode ser uma experiência dramática que nos obriga a medir continuamente os nossos limites. Mas há que seguir adiante sem medo, olhando para a frente com confiança. A este respeito, S. Paulo diz a Timóteo para reanimar o dom de Deus que dá um «espírito de fortaleza, de caridade e moderação». O cristão deve encontrar dentro de si a força para vencer as dificuldades, em gestos de amor que ajudam a trazer esperança a quem vive desilusões e derrotas, discernindo com equilíbrio o caminho a seguir para se ser mais autêntico na relação com Deus. Por isso, continua o Apóstolo: «Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós». Fortalecer-se na fé requer conservar a doutrina verdadeira, aquela que foi transmitida pelos Apóstolos e que o Magistério da Igreja nos apresenta, conhecendo-a, estudando-a e esclarecendo as dúvidas. Então, estamos cada vez mais parecidos com Jesus.
  

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