segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Um solene disparate

  
Imagem: Óleo sobre tela de Diego Velázquez
“O proselitismo é um solene disparate” - afirmou o Papa Francisco numa recente entrevista a um dos maiores jornais italianos, o “La Repubblica”. E acrescentava o Santo Padre: “A nossa missão não é proselitismo, é amor. Amor pelo próximo”.
O proselitismo é a tentativa de, à força, alguém convencer outro a abraçar as suas ideias, a fazer parte do seu grupo, a assumir as mesmas atitudes. Vemo-lo no plano religioso, mas igualmente no ideológico e mesmo naquele dos comportamentos.
Já em 2007, em Aparecida, na sua visita ao Brasil, o Santo Padre Bento XVI tinha dito o mesmo: "a missão de Cristo realizou-se no amor (...). A Igreja não faz proselitismo". E acrescentou: "A Igreja cresce muito mais por 'atração': como Cristo 'atrai todos a si' com a força do seu amor, que culminou no sacrifício da cruz, assim a Igreja cumpre a sua missão na medida em que, associada a Cristo, cumpre a sua obra conformando-se em espírito e concretamente com a caridade do seu Senhor".
Muitas vezes é nesta diferença entre “proselitismo” e “amor pelo próximo” que nos deixamos confundir. Seja porque achamos que não é necessário anunciar Jesus Cristo e evangelizar - e, assim, ficamos de braços cruzados à espera que o cristianismo nasça em alguém de forma espontânea; seja porque (no extremo oposto) queremos, à força, obrigar todos a pensar e a agir como nós.
Mas o proselitismo não acontece apenas no plano religioso. Também no plano ideológico e moral. E com muito mais frequência que aquela que julgamos: o caso do “culturalmente correcto”, que nos obriga a pensar e a agir como dita a “moda”, e como “a tribo” dos meios de comunicação social entende, por muito disfarçado que esteja de “rebeldia”, continua a ser proselitismo, ou seja: “um solene disparate”.

D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa in Voz da Verdade
 

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